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A primeira vez que vi Michael Jackson ele ainda era preto e eu ainda era criança. Eu e o mundo ficamos de queixo caído com ele dançando, cantando, virando lobisomem, fazendo o moonwalk e assumindo o posto de artista mais famoso e importante do mundo, de forma justa e inconteste.O primeiro disco dele que comprei foi o Thrilller, ainda em vinil, como também em vinil tenho o Bad e, anos depois, já mais velho e menos dependente da mesada, comprei toda coleção em CD e mais alguns DVDs.Michael, na sua carreira pós Jackson Five, tem dois discos geniais e fundamentais (Off the Wall e Thriller), dois bons (Bad e Dangerous) e a partir daí, é ladeira abaixo. Quanto mais ele embranquecia, enlouquecia e afinava o nariz, pior iam ficando seus discos. Quem nasceu a partir dos 80, só conheceu Michael Jackson como um freak, suspeito de pedofilia e campeão de relançamentos de coletâneas, o que era muito triste de ver. A decadência artística arrastou o homem ou a decadência do homem arrastou o artista?Há uns 15 anos Michael deixou de ser assunto quando se falava de música e deixou de ser relevante musicalmente. Virou assunto policial, alvo de piadas e de curiosidade mórbida. Essa volta anunciada para esse ano tinha tudo para ser um circo de horrores, um caça níqueis indigno do artista que foi Michael Jackson. Não só pela sua decadência artística, mas principalmente pela derrocada mental que ele parecia viver, já que um homem de 50 anos que balança bebês nas janelas, se veste de soldadinho de chumbo e age como uma criança de 8 anos de idade, é algo para ser tratado e não exposto no palco.Mas mesmo com tudo isso, Michael Jackson continuava magnetizando a atenção de todos de forma impressionante. Repare o que acontece quando uma loja ou supermercado coloca um DVD dele pra tocar. Onde quer que seja, logo começa a se formar uma pequena multidão, embasbacada com sua performance, exatamente como eu fiquei na primeira vez que o vi e como você, caro leitor, deve ter ficado também.Acho que talvez Michael sentisse tudo isso e sentisse também que no mundo dos downloads, da internet e das celebridades instantâneas, não tivesse mais lugar para um megastar como ele. Talvez a morte de Michael seja a saída de cena mais digna para um grande artista e marque o fim de uma era na música pop. Mas deixa isso pra lá, que Michael Jackson descanse em paz, coisa que ele nunca teve e muito por culpa dele, diga-se de passagem. A nós, admiradores e fãs, resta colocar uma música sua pra tocar e celebrar o que esse gênio pop fez de bom.
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